Em Portugal e por toda a Europa verifica-se um envelhecimento da população, provocado pelo aumento da esperança média de vida, e pela diminuição da natalidade.
O número de partos por mulher deixou de ser suficiente para garantir a renovação de gerações.
Em Portugal tal situação já vem sido sentida há muito, tendo-se agravado com a crise e pelas políticas de austeridade, tornando-se numa situação preocupante.
Não havendo substituição geracional a sociedade torna-se insustentável, hipotecada.
Vivemos numa profunda crise demográfica, provocada pelas altas taxas de desemprego, pela precariedade, pela degradação das relações laborais e pela emigração.
Segundo o Instituto Nacional de Estatista (INE) numa publicação em 30 de Maio de 2014 refere que:
- Em 50 anos a percentagem de crianças na população residente passou de 29,2% em 1960 para 14,9% em 2011.
- Em 2013 registaram-se 82 787 nados vivos (de mães residentes em Portugal), um novo mínimo relativamente a 213 895, registados em 1960.
Nos últimos 3 anos Portugal perdeu 350 mil pessoas, estes são os números da emigração, sendo que:
- No ano 2011 saíram de Portugal 100 mil pessoas;
- No ano 2012 saíram de Portugal 120 mil pessoas;
- No ano 2013 saíram mais 128 mil pessoas.
A precaridade e a degradação das relações laborais são visíveis através dos consequentes ataques ao fator trabalho em defesa do capital.
É necessário acabar com o discurso de que “as pessoas não estão melhor, mas o país está”, porque o país são as pessoas e os cidadãos que trabalham para poderem ter um futuro, mas hoje esse futuro é-lhes negado, porque para muitos deixou de haver esperança nesse país à beira mar plantado.
Para inverter a tendência dramática da demografia, tem de haver no domínio económico uma clara política de criação de emprego e de melhoria do quadro das relações laborais. É necessário estabilidade e recursos para se ter filhos.
Quando não há emprego, quando não há estabilidade nas relações laborais, quando não há um salário decente, a natalidade será um problema, visto que, não se pode pedir às pessoas que tenham filhos quando tem o seu futuro hipotecado e os filhos são para toda a vida, não só para um mês ou para seis meses, como nos contratos de trabalho precários.
Assim, a Assembleia de Freguesia de Mafamude, reunida em sessão ordinária no dia 30 de Junho de 2014, delibera defender:
É necessário e urgente que seja assumida uma melhoria no quadro das relações laborais para inverter a crise demográfica.
Esta Moção a ser aprovada deverá ser enviada:
Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Presidente da República
Primeiro-ministro
Partidos Políticos com representação parlamentar.