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BE diz que STCP está a ser "desmantelada à margem da lei"

 

"O BE vai interrogar o Governo em dois sentidos. Por um lado, queremos saber exatamente quanto dinheiro da STCP é que está a ser perdido para privados e em quanto é que a STCP anda a financiar as empresas privadas de transportes nos últimos anos", afirmou Catarina Martins.

Em declarações à Lusa no final de um encontro com a Comissão de Trabalhadores daquela empresa, a dirigente do BE disse pretender também saber "por que é que a Autoridade das Condições de Trabalho nada faz sobre o que se está a passar em relação às condições de trabalho dentro da empresa".

"Chamo a atenção para uma que é particularmente grave. Tem a ver com os horários que são impostos aos motoristas, que chegam a trabalhar 15 horas num dia e chegam a trabalhar nove dias sem nenhum dia de descanso. Isto é não só um ataque aos direitos dos trabalhadores, mas é também perigoso do ponto de vista da segurança e do serviço", sublinhou.

Segundo Catarina Martins, "temos visto, da maioria no Governo e muito particularmente do CDS, um discurso muito perigoso que tenta dizer que os trabalhadores têm alguma visão corporativa ou de estarem a defender pura e simplesmente os seus interesses".

"Não é verdade, as empresas de transportes estão a ser destruídas a cada minuto por este Governo e à margem da lei e são os trabalhadores que têm estado na linha da frente para assegurar que a população portuguesa tenha acesso a transportes coletivos", acrescentou.

A dirigente do BE referiu ainda que "os serviços que a STCP presta foram cortados em 30%, ou seja, há menos 30 por cento de autocarros a circular na cidade. O que estava no plano estratégico de transportes era um corte de 15%. O corte foi maior do que estava programado e é por isso que as pessoas hoje estão meia hora à espera de um autocarro".

Em declarações à Lusa, Ricardo Cunha, da Comissão de Trabalhadores, disse ter também apelado ao BE para que questione o Governo sobre a ausência da Comissão de Trabalhadores na reestruturação da empresa".

"Não entendemos por que é que nos é sonegada tanta informação por nós solicitada. Mais grave ainda é o facto termos informado a tutela, no início deste mês, de que os trabalhadores não fariam mais greves este ano se o acordo de empresa fosse cumprido e não termos obtido qualquer resposta, o que quer dizer que a responsabilidade das greves não é dos trabalhadores", acrescentou.

Os trabalhadores da STCP anunciaram que vão cumprir uma greve ao trabalho extraordinário a partir do dia 25 e até 01 de março contra "os roubos constantes dos direitos consagrados em acordo de empresa".

Em causa estão, dizem, "os roubos constantes dos direitos consagrados em acordo de empresa em várias matérias, como por exemplo o pagamento de trabalho extraordinário, o congelamento de carreiras e diuturnidades, os cortes de subsídios de férias e de Natal, sob o subterfúgio das medidas de austeridade".